Obra infantil escrita e ilustrada por Rafaela Rodrigues e editada pela Cadmus.
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“O livro A BORDADEIRA é uma carta de amor a todas as mulheres que dedicaram ou dedicam a sua vida a este ofício.”
一 Rafaela Rodrigues
Sobre a Obra
Mostrando aos mais pequenos algumas profissões tradicionais que se encontram em risco de extinção, Rafaela Rodrigues, em colaboração com a editora CADMUS, dá-nos a conhecer as bordadeiras da Madeira.
Em “cada ilustração, estão representados pormenores das suas vidas”, diz a autora. As crianças ficarão a conhecer “a sua casa, o seu trabalho, a sua comunidade e a sua família”, explica.
Num mundo que luta pela igualdade de género, as bordadeiras são exemplos de emancipação feminina, trabalhando fora de casa e sustentando-se e às suas famílias. Formam uma profissão centenária através da qual as mulheres ajudaram a construir a Madeira que conhecemos atualmente, mas que é muitas vezes esquecida.
“Construí estas imagens tendo como inspiração as mulheres da comunidade onde cresci, recorri a elas para registar as suas vivências e fui recebida com histórias muito bonitas e emocionantes”, escreve a autora sobre o livro.
Ao longo do livro e através de uma simples frase que introduz cada ilustração, o leitor tem oportunidade de vivenciar o quotidiano de uma bordadeira e saber como, onde, com o quê e com que intuito faz os bordados.
Além de personagens boneicheronas e de aspecto fofo, a autora recria ambientes e objetos próprios do universo das bordadeiras muito reais, sendo que cada ilustração é um espetáculo digno do bordado mais elaborado de uma toalha de festa.
“Para além da partilha das suas palavras, estas senhoras partilharam comigo o seu trabalho, os seus desenhos e as suas ferramentas, como agulhas, tesouras e panos.” Os pormenores desenhados por Rafaela Rodrigues incluem, por exemplo, a aplicação do anil da estampagem do tecido a ser bordado ou até mesmo o pequeno curvímetro, instrumento da cartografia, que serve igualmente à indústria do Bordado da Madeira.
A BORDADEIRA conta com o apoio da Câmara Municipal de Machico, é a primeira obra infantil sobre as bordadeiras da Madeira e será apresentado no dia 7 de Maio, 17:30, no Solar do Ribeirinho, inserido nas comemorações da Semana do Concelho de Machico.
Destinado a crianças de todas as idades, é um excelente livro para as que estão a dar os primeiros passos na leitura.
Nota histórica sobre as bordadeiras da Madeira
As origens do bordado da Madeira remontam praticamente ao povoamento do arquipélago. Sendo considerado uma atividade própria das damas, bordar, na Madeira, é uma ação que, ao longo dos séculos, surgiu ligada às classes altas. Enxovais, ofertas à corte portuguesa e aos príncipes estrangeiros, decoração dos trajes da nobreza e das alfaias religiosas e muitas outras utilizações tiveram os bordados feitos na Madeira pelas damas, nos seus solares, ou pelas religiosas, nos seus mosteiros.
Sabe-se, por exemplo, que ricos pano bordados estavam entre os tesouros roubados no famoso ataque corsário ao Funchal, de 1566, que levou a certa indisposição entre as coroas portuguesa e francesa.
Em chegando ao século XIX, num novo espírito económico para a ilha, surgem as primeiras escolas de bordadeiras impulsionadas por senhoras da alta-roda funchalense, de que é exemplo Isabel Phelps. A indústria do bordado recém-nascida passa a ser um importante meio de ganhar dinheiro de muitas das mulheres madeirenses de origens humildes, sobretudo das que viviam no campo.
A bordadeira da Madeira é uma dos exemplos do papel que a mulher teve na Revolução Industrial, quer ao nível nacional, quer internacional, visto a Grã-Bretanha, desde os primeiros anos desta indústria, um dos mais importantes mercados deste bordado português.
A profissão de Bordadeira, na Madeira, teria de esperar ainda mais de um século, para que o fim de uma ditadura e a autonomização da Região, lhe dessem acesso a direitos laborais que hoje tomamos como certos.
Sobre a autora
Rafaela Rodrigues é uma designer e ilustradora portuguesa nascida além-mar, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, em 1990. Ainda muito jovem, mudou-se com os pais para a Ilha da Madeira, mais propriamente para Machico, de onde é oriunda a família.
Na infância mostrou aptidão para o desenho e, através dele, contar as histórias que lhe povoavam a imaginação.
Chegado o momento de escolher a sua formação superior, a vocação falou mais alto licenciando-se em Design, pela Universidade da Madeira, e realizando, seguidamente, o mestrado em Ilustração na Escola Superior Artística do Porto-Guimarães.
Desde então integrou, e integra ainda, algumas comunidades dedicadas ao desenvolvimento, promoção e divulgação da Ilustração, tais como: n’A Farrapeira – Feira de Papel (em Guimarães), na Ó!Galeria (no Porto, que é uma das mais antigas galerias de ilustração do país), na Circus Network (também no Porto, galeria dedicada à arte urbana, à ilustração, à música e ao design), na marca de design de utensílios de cozinha NhamNham, ou na marca de mapas ilustrados The New Voyager (assinando a ilustração do mapa da cidade de Lisboa).
Em 2016, foi a artista selecionada para realizar o Concerto Ilustrado, com a banda portuguesa Prana, no Encontro Internacional de Ilustração de São João da Madeira (Aveiro).
Na vertente literária, tem vindo a ilustrar obras, mostrando o que refere como a sendo a sua ilustração de autor, em que as personagens ternurentas, apresentam um corpo em forma de pepino com bracinhos delgados e olhos amendoados e muito expressivos. O formato dos seus bonecos, que faz as delícias de miúdos e graúdos, surgiu-lhe de forma “bastante intuitiva” sublinha, e é uma constante em muitos dos seus trabalhos.
A BORDADEIRA é o segundo volume editado pela Cadmus do qual é ilustradora mas também autora. É parte de um projecto que tem pensado na realização de obras infantis sobre profissões tradicionais, sendo este volume dedicado à profissão de mulheres de várias gerações da sua família e da comunidade onde cresceu e fez germinar a sua semente artística.
A paixão pela leitura
A ACADÉMICA DA MADEIRA criou, em outubro de 2020, a CADMUS, uma nova editora que funcionará em paralelo com a IMPRENSA ACADÉMICA, que possui uma clara matriz universitária. A criação desta nova editora surge da necessidade de termos uma linha mais generalista, de novos autores, de livros independentes e que edita em Portugal para todo o mundo.
A CADMUS e a IMPRENSA ACADÉMICA, em 2021, esperam continuar a crescer e a contribuir para o sector do livro em Portugal e no mundo.
CADMUS, que dá nome à nova chancela, é considerado o primeiro herói da mitologia helénica. Para Heródoto, teria sido o introdutor do alfabeto fenício na Grécia Antiga, originando o alfabeto grego.