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O Arco da Calheta em obra

Este artigo é antigo, tem mais de 12 meses.

“[…] João França mostra-se não só exímio e escrupuloso na representação histórica da vida social das elites madeirenses e continentais no período de Bernardim Ribeiro, desde logo por o seu empenho historiográfico não ceder à tentação de uma historicização baseada na precisão notarial dos factos, como se revela capaz, num plano mais romanesco, de canalizar a energia do texto numa causa sentimental partilhável, tocando o leitor no mais fundo da sua vulnerabilidade.”

Sérgio Guimarães de Sousa

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Continuando a trabalhar no sentido de divulgar trabalhos de autores madeirenses ou que tivessem passado pelo arquipélago, a Imprensa Académica apresenta o décimo número da coleção Ilustres (Des)conhecidos, reeditando a obra ANTÓNIO E ISABEL DO ARCO DA CALHETA de João França.

Jornalista, dramaturgo, poeta e romancista, João França nasceu no Funchal, em 1908, desenvolvendo grande parte da sua atividade na cidade de Lisboa, onde viria a falecer, em 1996. Vários trabalhos não foram publicados em vida, deixando-os França ao sobrinho e depositário Ivo Sinfrónio França Martins que, com vários colaboradores, tem trazido à luz as obras pouco conhecidas deste ilustre madeirense.

João França foi uma das mais destacadas figuras madeirenses no panorama intelectual português do século XX, destacando-se na sua ação jornalística para várias publicações. Boa parte da sua obra literária não é conhecida do grande público por não ter sido publicada pelo próprio em vida, porém tem havido um crescente interesse nela, desde que os herdeiros iniciaram esforços na divulgação dos escritos de João França e confiando-os ao Arquivo e Biblioteca da Madeira.

“Destacou-se pela sua carreira de jornalista e https://amadeira.pt/wp-content/uploads/2021/10/laboratory-2815641_1280.jpg, deixando uma obra a partir da qual se pode dar conta de um inegável património cultural e literário do século XX.”, afirma Ana Isabel Moniz, coordenadora desta reedição e autora do seu prefácio. “Embora Jornalismo e Literatura sejam registos de escrita bem distintos, o autor destacou-se tanto na ficção como na imprensa […]”, refere.

Sobre a obra ANTÓNIO E ISABEL DO ARCO DA CALHETA

A literatura portuguesa está repleta de grandes histórias de amor baseadas em figuras verídicas como Pedro e Inês, Simão e Teresa e Maria Severa e Marialva.

O valor histórico dessas obras, coloca os nossos autores como seguidores da linha do romance histórico de Sir Walter Scott, o pai deste género literário.

No panorama literário da Madeira, João França, um excelente exemplo de romancista-historiador, oferece-nos um dos amores mais famosos da História do Arquipélago, o de António Gonçalves da Câmara por Isabel de Abreu. Ambos foram fidalgos do Arco da Calheta, no século XVI, durante os reinados de D. Manuel I e de D. João III. António chegou a ser o seu monteiro-mor do segundo monarca.
Membro da mais distinta família da Madeira, António Gonçalves da Câmara era descendente direto de Zarco e sobrinho do terceiro capitão donatário do Funchal, Simão, o Magnífico. Isabel de Abreu, fidalga do solar vizinho ao seu, no Arco da Calheta, era cunhada de João Esmeraldo, o flamengo dono dos extensos canaviais-de-açúcar da Lombada, na Ponta do Sol, e nora do próprio capitão Simão Gonçalves da Câmara.

Acontece que António se apaixonou perdidamente por Isabel, mas ela, por preconceitos que tinha não o aceitou por marido. A certa altura, precipitam-se os acontecimentos que demostram as loucuras que António fez para tornar Isabel sua, as espertezas de Isabel para fugir de António, o pé-de-guerra em que António colocou a capitania do Funchal por causa de Isabel, as indisposições do rei pelo comportamento de António.

Pelo caminho, ficamos a conhecer vários cenários do século XVI, sendo que ação se passa em Portugal continental, em Marrocos e, claro na Madeira. Na verdade, são várias as povoações da Ilha visitadas, nessa época, pelo autor, com maior ou menor detalhe da história: o Funchal, a Ribeira Brava, o Arco da Calheta, a Lombada dos Esmeraldos, ou o Curral das Freiras.

O leitor fica a conhecer como viviam os madeirenses e funcionava a sociedade, na cidade, nas vilas, nos solares e nas fazendas, para não falar da corte portuguesa e até das guerras de África, nas quais a Madeira teve um papel determinante.

Tomam parte ativa da narrativa alguns dos mais distintos membros da história da Madeira, como Joana de Eça (a mãe de António), a camareira-mor da rainha D. Catarina de Áustria, Águeda de Abreu (irmã de Isabel), a esposa de João Esmeraldo, e Martim Gonçalves da Câmara (primo de António), que viria a chefiar o governo do Reino, no tempo de D. Sebastião. A eles, juntam-se vários outros nomes de menor peso na trama criada por João França.

No final, caberá ao leitor descobrir qual dos dois finais possíveis para as histórias de amor foi escrito por João França: os amantes acabam juntos ainda nesta vida, ou só na próxima?

ANTÓNIO E ISABEL DO ARCO DA CALHETA foi primeiramente publicado, em 1985, foi realizada pela Direção Regional dos Assuntos Culturais, da Secretaria Regional do Turismo e Cultura da Região Autónoma da Madeira.

É editado agora pela IMPRENSA ACADÉMICA, com o apoio da Câmara Municipal da Calheta e dos herdeiros do autor, sobretudo o seu sobrinho, Ivo Sinfrónio Martins, depositário da obra de João França.

O livro, que conta agora com a edição literária e posfácio de Ana Isabel Moniz e posfácio de Sérgio Guimarães de Sousa, passa a integrar a coleção Ilustres (Des)conhecidos, a qual já conta com outras duas obras deste autor madeirense.

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