José Viale Moutinho e Sofia Reis apresentam-nos uma obra inédita, com a chancela editorial da IMPRENSA ACADÉMICA, que conta com o apoio da Câmara Municipal do Funchal, O COMBOIO DA RUA DO COMBOIO.
Uma linha de asfalto e casario que liga o Monte e a baixa de Santa Luzia é um dos arruamentos mais facilmente identificados na paisagem urbana do Funchal, a Rua do Comboio.
Em deslocação diária para a escola, de visita a amigos ou familiares nas freguesias das encostas centrais, em romaria à Virgem do Monte ou para ver as luzes de Natal que seguem por ela acima, a Rua do Comboio é, há muito, um local de passagem para milhares de crianças e jovens.
Circulam, ainda, autocarros pela cidade com indicação de que vão para o Caminho de Ferro.
Quantos, porém, conhecem a razão desses nomes?
O COMBOIO DA RUA DO COMBOIO de José Viale Moutinho e Sofia Reis
José Viale Moutinho é o autor e o narrador desta história cheia de histórias sobre a história do comboio do Funchal e a confusão começa ao falar das ruas do Funchal chamadas qualquer-coisa-do-comboio, sem que um comboiozinho à vista.
Sofia Reis desenhou um Viale sorridente que traz com ele quem tudo sabe sobre o comboio do Funchal, ou melhor, do Monte. Baixinho e rechonchudo, este bonacheirão é o senhor Tranquetantan, cujo nome lembra o barulho das locomotivas a mover carruagens sobre uma via-férrea.
A Carolina Zinha, a Dudu, o Afonso, o Diogo e outros jovens vão ouvir Tranquetantan falar de carris, de máquinas a vapor, de carruagens, de estações, de bilhetes, de viagens pela encosta do Funchal e até de acidentes.
As suas histórias são protagonizadas por engenheiros, maquinistas, passageiros e outras personagens. Fala-se de lendas do Funchal, de Nossa Senhora do Monte e até os carreiros aparecem nos seus carrinhos de cesto deslizando próximo do caminho de ferro.
Sofia Reis dá vida aos comboios do Monte em ilustrações que se apresentam como verdadeiras obras de pintura digital, ora coloridas, ora a preto e branco.
Nota histórica do Comboio do Monte
O Comboio do Monte deve-se ao desenvolvimento do Funchal numa cidade de turismo terapêutico e de lazer, durante o século XIX.
Em 1886, foram apresentados alguns estudos para construção de um ascensor para o Funchal por Raoul Mesnier de Ponsard. Este, que a tradição aponta como discípulo de Gustave Eiffel, foi na verdade um engenheiro de origem francesa, nascido no Porto e formado em Coimbra, que projetou os elevadores da Glória e de Santa Justa (Lisboa), o de Guindais (Porto), o da Nazaré, etc.
Em janeiro de 1891, a Câmara Municipal do Funchal aprovou o projeto para construção do futuro elevador e, dois anos depois, a 16 de julho, realizava-se a viagem inaugural da estação do Pombal (edifício existente no gaveto das ruas do Pombal e do Comboio) e a estação da Levada de Santa Luzia.
Em 6 de agosto de 1894, era inaugurado o troço até ao Atalhinho, no Monte, terminado junto ao hotel Bello Monte, atual colégio Infante D. Henrique. A 24 de junho de 1912, foi atingida a extensão máxima de 3,850 km, com a inauguração do troço que ligava ao Terreiro da Luta, a 850 metros de altitude.
A ferrovia era composta por dois carris assentes em sulipas e uma cremalheira, que auxiliava na subida e que impedia o deslizamento encosta abaixo. O veículo era composto por carruagens abertas, divididas em classes, com uma locomotiva a empurrá-las (e não a puxar, como noutros comboios).
A 10 de setembro de 1919, durante a subida, deu-se uma explosão na caldeira de uma locomotiva, vitimando mortalmente o maquinista e outras pessoas. As viagens foram suspensas por cinco meses.
A 11 de janeiro de 1932, um descarrilamento fez decrescer a popularidade do transporte, considerado perigoso, mas com a II Guerra Mundial, o número de visitantes à Madeira foi decrescendo levando a sérias dificuldades financeiras.
Com a falência da empresa que o explorava, o Comboio do Monte realizou a sua última viagem em abril de 1943, acabando por encerrar de vez. Os equipamentos foram reaproveitados num seu irmão mais velho, o ascensor do Bom Jesus, em Braga, outra obra de Mesnier de Ponsard, considerado o mais antigo da Península Ibérica.
Sobre o autor
José Viale Moutinho é jornalista, poeta e escritor nascido no Funchal, em 1945, mais precisamente na Rua da Carreira.
As suas obras, editadas em diversas línguas, abrangem diferentes estilos literários, incluindo coletâneas de contos populares e de lendas e muitos livros para a Infância e para a Juventude.
Tem uma especial admiração por Camilo Castelo Branco, assinando vários livros sobre aquele que foi o primeiro escritor profissional do nosso país.
Os seus livros valeram-lhe já o Prémio Edmundo de Bettencourt de Conto e de Poesia outorgado pelo Município do Funchal além dos Prémios de Reportagem Kopke, Norberto Lopes/Casa da Imprensa de Lisboa e El Adelanto (Salamanca)e o Pedrón de Honra (Santiago de Compostela).
Este escritor camiliano já foi agraciado com o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco pela autarquia de Vila Nova de Famalicão.
Em 2021, passou a contar com o Prémio D. Diniz, da Fundação Casa de Mateus, que foi entregue, em Vila Real, pelo Presidente da República Portuguesa.
A convite da Câmara Municipal, o autor esteve presente na 48.ª Feira do Livro do Funchal, em junho de 2022. Bem humorado, aproveitou o tempo para recolher material para obras que está a desenvolver e matar saudades da gastronomia da terra que o viu nascer.
Sobre a ilustradora
SOFIA REIS é uma artista e ilustradora funchalense nascida em 1995. Licenciada em Artes Visuais pela Universidade da Madeira, participa em várias fazines e livros internacionais, sobretudo relacionados com música.
É autora de ilustrações de diversos livros infantis, incluindo VIRGÍNIA, A MENINA DO ANEL INVISÍVEL de Conceição Freitas, sobre a vida de Madre Virgínia Brites da Paixão.
Vários exemplos de ilustrações suas podem ser encontradas no Instagram@imbelling ou na página de Facebook ‘Sofia Reis Arts’.
Em 2021, recorrendo a fotografias históricas, algumas desconhecidas do grande público até recentemente, ilustrou uma obra inédita de Viale Moutinho para crianças e jovens, editada pela Imprensa Académica. Intitulada A MÁQUINA DO TEMPO DO PROFESSOR CANDEIAS, é uma viagem ao passado para visitar o casal de escritores Camilo e Ana Plácido na sua quinta, em Seide.
Sobre a IMPRENSA ACADÉMICA
A IMPRENSA ACADÉMICA é a mais antiga chancela editorial da ACADÉMICA DA MADEIRA, em funcionamento desde 2014.