Resultados do Inquérito de 2021-2022 aos estudantes da Universidade da Madeira

O portal ET AL. divulgou os resultados da edição de 2021-2022 do Inquérito anual aos estudantes da Universidade da Madeira, promovida pelo OBSERVATÓRIO DA VIDA ESTUDANTIL da ACADÉMICA DA MADEIRA, entre os dias 27 de abril e 2 de junho de 2022.

Após análise dos dados recolhidos através do inquérito sobre as dificuldades dos estudantes, a ACADÉMICA DA MADEIRA destaca alguns aspetos e relaciona fatores que poderão realmente dar ferramentas para a melhoria das condições e do acompanhamento da população estudantil madeirense.

“6,2% dos estudantes que sofreram assédio ou violência reportaram a uma entidade”

Tal como em anos anteriores, o inquérito tratou numa mesma categoria lata as bolsas ou apoios monetários, que inclui as da DGES, do governo regional, de câmaras municipais, de juntas de freguesia, entre outros. São uma mais valia para grande parte dos estudantes inquiridos, sendo que 73,6% beneficiam de um qualquer apoio desta natureza.

No percurso académico, uma variável que está a ganhar preponderância no sucesso escolar é a boa saúde mental dos estudantes. Os resultados do inquérito, pesados nos estudos que têm sido realizados nesta área em Portugal e no estrangeiro, indicam que o bem-estar psicológico é essencial quando se verifica que 40,9% dos inquiridos já ponderaram desistir do curso. A falta de motivação, o sentimento de não conseguir realizar os trabalhos ou exames propostos e mesmo a sensação de não terem feito uma boa escolha do curso são as principais razões apontadas pelos inquiridos. Tal estado de espírito pode levar à desistência, ao abandono ou à suspensão da vida estudantil, pelo que aspetos como a desmotivação, a insegurança, a incerteza e a insatisfação dos alunos, devem ser ponderados no apoio que lhes é dado e nas políticas de luta contra o abandono escolar.

“40,9% dos inquiridos já ponderaram desistir do curso”

Relacionado com o descrito, pesa também o facto de 60,2% dos inquiridos considerarem que até ao 12.º ano de escolaridade não tiveram preparação para a realidade curricular do Ensino Superior. O sentimento de desfasamento entre diferentes níveis de ensino sucedâneos frustra muitos estudantes ao chegarem ao Ensino Superior. Tal reflete-se nos seus resultados, no seu índice de satisfação, no seu estado de espírito, nas decisões tomam, na sua manutenção no Ensino Superior e, finalmente, nas implicações diretas no seu futuro profissional.

Estas variáveis tornam-se cada vez mais preocupantes para os alunos, podendo ser fatores que levam a que cerca de metade dos estudantes inquiridos (46,7%) sintam a necessidade de apoio psicológico. É de salientar que, desta percentagem, apenas procuraram ajuda, dentro ou fora da universidade, 47,8% dos estudantes. Isso significa que mais de metade dos estudantes (52,2%) sente que tem necessidade de apoio psicológico, porém, não procura ajuda.

“60,2% dos inquiridos considerarem que até ao 12.º ano de escolaridade não tiveram preparação para a realidade curricular do Ensino Superior”

Os estudantes participantes deste questionário, quando inquiridos sobre o assédio e a violência na Universidade, revelaram resultados que poderão ser considerados preocupantes. Da totalidade, cerca de 10% dos estudantes inquiridos responderam já terem sido assediados ou terem sofrido de violência de diversas natureza na Universidade, com especial incidência na violência verbal e no assédio sexual.

Apesar da amostra do inquérito não pretender refletir a comunidade académica, há um número apreciável de alunos, aqui questionados, que, para além das suas dificuldades, sofre deste tipo de agressão que influencia o seu percurso académico. É importante também averiguar que, tendo em conta os resultados, existem situações em que o mesmo estudante sofre variadas formas de violência e assédio.

“10% dos estudantes inquiridos responderam já terem sido assediados ou terem sofrido de violência”

Nas respostas afirmativas que se obteve em relação às situações de assédio ou violência na Universidade, mais de metade dos estudantes (52,3%) não reportou a sua experiência a qualquer entidade, apontado como razão da sua escolha a vergonha (21,5%), ou o desconhecimento (30,8%). 41,5% dos estudantes alvo de assédio ou violência na universidade, preferiu não detalhar se tomou ou não qualquer medida de participação da ocorrência. Foram contabilizados apenas 6,2% de estudantes inquiridos que reportaram as suas situações a uma entidade competente ou na Universidade.

Estes valores demonstram que apesar dos estudantes sofrerem com estas situações no contexto universitário, a maioria prefere não partilhar ou reportar a sua situação a uma entidade competente, por vergonha, desconhecimento, medo, insegurança, ou então não se sentem confortáveis a expor a situação em que se encontram. Tal poderá assinalar uma falta de conexão e de confiança entre os alunos e as entidades e órgãos competentes.

O resultados completos do inquérito podem ser consultados no portal da ET AL.

Carlos Diogo Pereira
Com Raul Silva
Com fotografia de Marília Castelli.

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