A 7 de fevereiro, em Bruxelas, a Académica da Madeira inaugura a exposição “A Journey to Paradise”, além de apresentar a obra Madeira Ilustrada e promover a atuação do seu grupo de fados.
A Madeira e o Turismo
Desde os tempos do povoamento, as ilhas da Madeira e do Porto Santo têm sido visitadas por estrangeiros que as descreviam como locais aprazíveis e de bons produtos. A aguada e o abastecimento de víveres aos navios de passagem, a produção de açúcar, o comércio de vinho, o uso militar das ilhas e outras atividades foram razão de estadias curtas ou longas de visitantes de várias nacionalidades.
No século XIX, o Turismo estabeleceu-se como uma das economias preponderantes do Arquipélago, sobretudo relacionado com a Saúde. Em busca de um clima mais quente, com ares mais puros, capazes de mitigar tuberculoses e outras doenças respiratórias, as elites europeias começaram a procurar os territórios do sul do continente. Entre os principais sanatórios naturais estava a Madeira.
Paralelamente, com a passagem de muitos naturalistas, a Madeira foi ganhando reputação de laboratório natural, com várias espécies vivas, fósseis e mineralógicas que serviram de objeto de estudo à Biologia, à Oceanografia, à Geologia e outras áreas.
Isabel da Áustria, Amélia de Beauharnais, Carlota da Bélgica, Maximiliano do México, Richard Thomas Lowe, George Bernard Shaw, Paul Langerhans ou Winston Churchill ficaram para sempre associados à história da Ilha.
Atualmente, o Turismo é um dos principais pilares do desenvolvimento e da sustentabilidade socioeconómica da Região Autónoma da Madeira. Como destino turístico, várias vezes premiado, a Madeira é um território relativamente pequeno, com uma diversidade de entretenimento bastante grande, entre cultura, tradições, eventos festivos, património edificado, áreas naturais de serra e de mar, entre outros.
A dinâmica turística da Madeira passa pela valorização do património histórico, artístico, paisagístico, científico, social e cultural e a sua preservação implica a investigação e a partilha de conhecimento, aos locais e aos visitantes.
A exposição
A Académica da Madeira apresenta o destino Madeira a um público pan-europeu, através da dinamização do evento A Journey to Paradise, que terá lugar na sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas, sob convite da eurodeputada Sara Cerdas.
A sessão será composta pelo lançamento da obra Madeira Ilustrada, seguida de um momento musical e terminando com a inauguração da exposição A Journey to Paradise, composta por 10 imagens da autoria do fotojornalista Joel Santos.
Sobre Joel Santos
Joel Santos é um fotógrafo de viagens, documentarista, palestrante e escritor, nascido em 1978, em Lisboa. Ele é um antigo economista que se tornou jornalista, abraçando seu trabalho com verdadeira paixão pela narrativa visual e escrita.
Vencedor de prémios nacionais e internacionais de fotografia, nomeadamente o prestigiado “Travel Photographer Of The Year”, em 2016, e VISÃO/BES (normas e júri WPP), em 2005. Venceu o 1.º lugar (“Dream Places”) e o 2.º lugar (Nature and Wildlife ) dos prémios ART & Tour — Festival Internacional de Cinema de Turismo (2019) com a curta-metragem “Identidade de um Território”, rodado para o Geopark Estrela (UNESCO).
Publicou mais de uma centena de artigos e crónicas na imprensa nacional e internacional e produziu documentários originais sobre Etiópia, Gana, Mongólia, China, Guatemala, México, Costa Rica, Islândia, Noruega e Portugal, sendo pioneiro em imagens aéreas, transmitido em Portugal e no Reino Unido, juntamente com outros meios de comunicação.
Sobre a obra
Madeira illustrated by Andrew Picken teve algumas edições, existindo uma cópia da de 1840 na Biblioteca Nacional de Portugal. Foi a partir dela que se realizaram a análise, a tradução e a edição bilíngue que a Imprensa Académica lança em fevereiro de 2023.
Madeira Ilustrada é um exemplo de literatura de viagem escrita no mesmo tipo de vocabulário dos romances da época, na língua inglesa. Nesse desafio, a edição da Imprensa Académica traz um discurso que utiliza o Português contemporâneo sem desvirtuar o relato de 1840.
A edição, em Inglês e em Português, permite chegar a públicos estrangeiros e lusófonos, levando-os a conhecer “o florescimento do negócio do turismo na Madeira em torno das classes privilegiadas europeias”, como indica a editora.
A obra foi estudada e prefaciada pelo historiador Paulo Miguel Rodrigues, investigador e docente da Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira, e traduzida para a língua portuguesa por Giuseppe Abate, mestre em Linguística: Sociedades e Culturas pela mesma faculdade.
Atuação dos Fatum
À apresentação da obra, segue-se um momento musical a cargo dos Fatum, grupo de fados da ACADÉMICA.
Representado por três dos seus membros, a atuação será realizada por Diogo Freitas, na guitarra clássica, Gonçalo Direito na guitarra de Coimbra, e Carlos Diogo Pereira, na voz, que irão interpretar Ó ai, Menina, ó ai, Maria se fores ao baile e Fado Corrido, três obras de estima do grupo e que estão, de alguma forma, ligadas à história da Madeira.
Ó ai, Menina, ó ai é uma canção em estilo dança do repertório de Maximiano de Sousa (Max), da autoria de Joaquim Luiz Gomes e João Nobre. Em 2022, o Dia da Região foi celebrado pela ACADÉMICA com o lançamento de um videoclipe desta música, interpretada pelos Fatum e bailada pelo Grupo Folclórico da Camacha, o mais antigo da Região, tendo como cenário o histórico Largo da Achada naquela localidade.
Maria se fores ao baile, um dos grandes êxitos da geração de Edmundo Bettencourt e uma das mais queridas canções de Coimbra na Madeira, começou uma quadra popular de Coimbra desenvolvida numa balada de amor com letra de ngelo Araújo e música do sargento J. R. Robles, um militar de Cavalaria que se notabilizou como guitarrista e cantautor de Coimbra.
“Vou a encher a bilha e trago-a/ Vazia como a levei!/ Mondego, qu’é da tua água?/ Qu’é dos prantos que eu chorei?” é uma tradicional estrofe cantada no popular Fado Corrido de Coimbra. Trata-se de uma quadra de António Nobre publicada em Só, em 1892, em Paris. Este poeta português, tal como Andrew Picken, viveu no Funchal por causa da sua frágil saúde.
Os Fatum em Bruxelas
Com 13 anos completados em janeiro de 2023, desde sua criação, o grupo conjuga os tradicionais saraus no Colégio com os convites que lhe são feitos. Apresentando-se com membros diferentes em cada deslocação feita à Bélgica, esta é a quarta vez que o grupo se apresentará em Bruxelas.